O
caso de amor entre a inglesa Margaret Mee e a flora brasileira começou
em 1952, quando a artista chegou a São Paulo para passar uma
temporada cuidando de sua irmã doente. Esta temporada durou uma
vida inteira, cheia de aventuras, viagens e encantamento.
Nascida
em 1909 numa pequena cidade perto de Londres, Margaret Mee se formou
em artes plásticas na escola de Camberwell, tendo sido aluna
de Victor Pasmore. Seus primeiros trabalhos, focados na figura humana,
não indicavam qual seria o seu futuro artístico, ou seja,
a documentação da maravilhosa flora brasileira. Botânica
autodidata, aliava a sensibilidade artística à uma exatidão
cientifica, resultando na mais perfeita expressão da ilustração
botânica.
Em São Paulo era professora de arte na escola St. Paul’s, mas não perdia uma chance de conhecer melhor as riquezas botânicas que a rodeavam. Em 1956 deu o pulo maior, viajando para a Amazônia, no começo do que seria uma rotina de viagens pelos rios e mato daquela região. Por sugestão do grande amigo Prof. Luiz Emygdio de Mello Filho e de Roberto Burle Marx, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde viveu no bairro boêmio de Santa Teresa. Completou 15 viagens à Amazônia, pretendia voltar, mas reconhecia que precisaria de seis vidas e não uma para documentar todas as plantas que via. Morreu em 1988 num banal acidente de trânsito durante uma estada na Inglaterra, após o lançamento do livro que relata as suas aventuras e uma deslumbrante exposição de sua obra no Royal Botanic Gardens, Kew. Suas cinzas foram espalhadas no seu tão amado Rio Negro. Deixou como legado um profundo respeito pela natureza, a ânsia de vê-la poupada por predadores e uma contribuição inestimável para a arte da ilustração botânica. |