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Existem determinadas características comuns que fazem com que uma planta seja incluída na família das orquidáceas. Por exemplo, sua flor tem os órgãos de reprodução feminino e masculino fundidos em um só corpo chamado coluna ou gynostemium.
Uma outra característica é a forma irregular de seus segmentos florais. A flor da orquídea tem 3 sépalas e três pétalas. A pétala do meio é modificada e recebe o nome de labelo. Ele é, em geral, a parte mais interessante da flor e a mais intensamente colorida. Sua forma e perfume podem variar muito. Ele pode ter a forma de uma abelha fêmea (como no caso do gênero Ophyrs), de uma vespa fêmea como no caso do gênero Drakea ou Cryptostylis, um balde como no caso do gênero Coryanthes, pode ter um perfume adocicado ou desagradável, forte ou suave. Tudo isto com o único objetivo de atrair o polinizador e garantir a reprodução da espécie.
Ao contrário do que diz a crença popular, as orquídeas não são parasitas, elas não se alimentam do hospedeiro, apenas o usam para melhor se fixarem. Em geral, elas são epífitas (raízes aéreas) vivendo em árvores ou sobre as pedras (nas regiões tropicais) e terrestres (nas zonas temperadas) muito embora em zonas tropicais como as nossas existam muitas orquídeas terrestres.
Também ao contrário do que muitos pensam, a maior parte das orquídeas não gosta de ser mantida dentro de um substrato sempre molhado apesar de gostarem, de uma maneira geral, de umidade ambiental elevada.
Plantas extremamente diversificadas, as orquídeas são encontradas no mundo todo, com exceção das regiões completamente desérticas. Por esta razão sempre é possível encontrar uma espécie que seja adequada às condições que possuímos.
Embora possam ser encontradas do nível do mar até 4.000 de altitude, elas são mais numerosas na faixa que se situa entre 500 e 2.000m acima do nível do mar.
Algumas orquídeas estão entre as menores plantas floríferas do mundo como Eurystyles ou muitas espécies pertencentes à Pleurothallidinae (América tropical). Algumas são tão grandes que atingem até 4m de altura como Selenipedium (América tropical) ou Grammatophyllum papuanum (originário de Papua-Nova Guiné) que pode pesar toneladas.
O número de gêneros está estimado em 600, o número de espécies entre 25.000 e 30.000 e número de híbridos registrados já ultrapassou a marca dos 100.000.
Bulbophyllum é o gênero mais rico em número de espécies e supõe-se que possua aproximadamente 2.000. Em seguida vem o Pleurothallis (mais de 1.500 espécies são atribuídas a este gênero, com muitas outras a serem ainda classificadas e descritas), depois há o Dendrobium com 1.400 e finalmente o Epidendrum com mais de 800 espécies. Atualmente, muitas espécies de Bulbophyllum migraram para o gênero Cirrhopetalum
A distribuição geográfica não é regular no mundo todo. Alguns poucos gêneros estão presentes em quase todos os continentes mas, de uma maneira geral, a área de distribuição é mais restrita.
  • Bulbophyllum: é encontrado nas América do Norte, Central e do Sul, na África, Ásia e Oceania.
  • Cattleya, Epidendrum, Laelia, Masdevallia, Maxilaria, Odontoglossum, Oncidium, Pleurothallis, só são encontrados nas Américas do Norte (a partir do México), Central e do Sul
  • Coelogyne: Ásia
  • Cymbidium: África, Ásia , Oceania
  • Cypripedium: América do Norte, Europa, Ásia e Oceania
  • Dendrobium: Ásia tropical e subtropical, Austrália e Oceania
  • Habenaria: Américas do Norte, Central e do Sul, Europa, África, Ásia e Oceania
  • Paphiopedilum: Ásia e Oceania
  • Phalaenopsis, Vanda, Renanthera: Ásia
  • Vanilla: Américas do Norte, Central e do Sul, África equatorial e sudeste da Ásia.
  • Só na América tropical há mais de 8.000 espécies e na Ásia tropical mais de 7.000.
  • O Brasil possui, aproximadamente, 2.500 espécies e 1/3 delas vegetam também no estado do Rio de Janeiro.
  • A Colômbia possui mais de 3.000 espécies.
  • A Venezuela mais de 1.500.
  • O México mais de 660.
Hoje em dia, a maior parte das espécies está espalhada pelo mundo todo devido à grande capacidade de adaptação destas plantas. Elas se adaptam tão bem às diversas regiões do planeta que vegetam como se fossem nativas. Atualmente, Angreacum, Cymbidium, Dendrobium, Paphiopedilum, Phaius, Phalaenopsis, Renanthera, Vandaceous, Cattleya e Oncidium podem ser cultivados em qualquer continente, dependendo somente das condições climáticas ou das condições do local de cultivo, seja ao ar livre, seja no interior das residências ou ainda nas estufas construídas para este fim.




Bebidas, poções do amor, filtro, afrodisíacos e remédios.

Não sabemos desde quando a orquídea tem sido usada no preparo de bebidas mas desde o século I depois de Cristo, ela tem sido mencionada na literatura.
Diescorides, médico grego, no século I depois de Cristo desenvolveu uma teoria de que os tubérculos das orquídeas deveriam ser eficientes para estimular a atividade sexual uma vez que eles eram semelhantes a testículos. Este princípio ficou conhecido como "Doutrina do Sinal" ou "Doutrina da Evidência".
Deus teria criado as plantas para serem úteis aos seres humanos e elas teriam um indício, um sinal que tornaria evidente seu uso. Deste modo, os distúrbios seriam tratados através de partes de plantas que teriam alguma semelhança com o órgão afetado.
Esta crença permaneceu por muitos séculos principalmente durante a idade medieval. Acreditava-se que as orquídeas tinham um forte poder de não somente estimular a atividade sexual, aumentar a virilidade ou curar qualquer distúrbio de natureza sexual, mas também elas tinham a capacidade de fertilizar e provocar o nascimento de crianças do sexo masculino.
Usadas como afrodisíaco, as raízes eram maceradas e engolidas. Eram vendidas nas farmácias e mercearias para o preparo de muitas bebidas.
Este costume permaneceu até o século XVII.
Na Inglaterra, John Partridge, médico do rei Charles I, sugeriu que a poção do amor feita com "Orchis macula" teria uma forte força para despertar desejos sexuais e excitar ambos os sexos.
Em 1640, Parkinson, farmacêutico e jardineiro do mesmo rei, escreveu, em seu "Theatrum botanicum", que as orquídeas provocam lascívia.
Dizia-se também que as bruxas usavam as raízes das orquídeas para preparar filtros e poções do amor, que eram também conhecidas como "Feitiço do amor".
As partes das orquídeas eram também usadas para curar um distúrbio conhecido como o "Mal do Rei", supostamente curável com o toque de um rei.
Em 1849/1554, o manuscrito de Jerome Bock intensificou ainda mais a crença em sua capacidade de estimulante sexual. Seu trabalho era baseado na suposição de que as orquídeas eram plantas sem sementes e neste caso, elas cresceriam do líquido seminal derramado pelos animais durante o acasalamento.
Em 1665, Atanasio Kircher, um jesuíta alemão, em seu trabalho "O Mundo Subterrâneo", chamou as orquídeas de "satyria", argumentando que elas cresciam nos campos onde os animais engendravam, evocando assim Jerome Bock.
Ainda hoje, algumas espécies ainda são usadas como medicamente (na forma de poções e bebidas) em muitas regiões do mundo para tratar de artrite, diarréia, dor de cabeça, febre, tosse, problemas disgestivos, como anti-conceptivo e como cicatrizante de feridas e incisões.




Uma substância extraída da orquídea, com aparência de amido, ajudou durante os períodos de fome e durante muitos séculos foi produzido na Turquia e no Iraque. Era obtido a partir dos raízes tuberosas de "Orchis" e "Ophrys".
Muito tempo antes da introdução do café na Europa, esta substância era vendida para preparar uma bebida quente para ser tomada no inverno. Já era conhecida dos gregos desde o século III antes de Cristo e foi espalhada pela Ásia (Índia e China) e pela Europa. Até o princípio deste século, era vendida nas ruas de Istambul, com o nome de shalep, salep ou saloop.
Alguns índios da América do Norte também usavam a orquídea para produzir alimentos.
As flores polinizadas da Vanilla planifolia, uma espécie mexicana, depois de se tornar uma fava era secada e curada para produzir a vanilina que é o princípio ativo da vanila, usada para aromatizar chocolates, doces, tortas e etc...
A Vanilla é um gênero bem primitivo e, de acordo com estudiosos, sua origem data de 120.000.000 de anos.
Os astecas a usavam antes do Descobrimento da América, em 1492.
Existem outras espécies de Vanilla que também produzem a vanilina mas é de qualidade inferior à produzida pela Vanilla planifolia.
Na literatura ocidental, a Vanilla foi mencionada pela primeira vez em 1522, no mais antigo estudo sobre as flores da América do Sul.
Ela foi introduzida na Europa, na forma de fava, por volta do ano de 1510.




O óleo extraído da flor da orquídea é empregado na indústria de cosmética para preparar produtos para hidratação da pele.




Nas Filipinas e na Nova Guiné, a haste caulinar de algumas espécies de Dendrobium são usadas para tecelagem e para fazer cestas e braceletes. As hastes são postas para secar até ficar com uma tonalidade amarela bem forte, depois são cortadas em tiras finas e usadas para a fabricação de belas peças.
Em algumas tribos, a seiva da Cattleya labiata var. autumnalis é usada como cola para uso em instrumentos musicais.
Na Ámerica Central, os pseudobulbos ocos das espécies de Schomburgkia são usados para fabricar cornetas.




Algumas orquídeas associam-se a formigas dando-lhes abrigo, em seus pseudobulbos ocos, em troca de proteção contra os predadores. Dois gêneros tropicais, Caularthron e Myrmecophila, têm uma entrada na base de seu pseudobulbo para facilitar a entrada das formigas que aí fixam sua moradia.
Há duas espécies australianas que são subterrâneas. Uma delas, Rhizanthella gardneri, cresce e floresce subterraneamente.
Diz-se que existem espécies que são sapófritas mas a maior parte dos botânicos só aceitam dois tipos de classificação: epífitas e terrestres.




Há muito tempo, as orquídeas tem inspirado pinturas. É um tema que sempre atraiu os pintores japoneses e chineses. Muitas espécies de Cymbidium foram pintadas no século XIX por Gyokem Bompon, no Japào e até hoje as pinturas podem ser admiradas no volume XI, por "Gesnhoku Nihon no Bijutsu", no templo de Rokuo-in, em Kioto.
Os pintores chineses da Dinastia de Yuan (1279-1368) eram reconhecidos por suas pinturas que tratavam de plantas inclusive de orquídeas. Na China como no Japão, o pintor deste período era muito interessado em todas as plantas principalmente nos gêneros Cymbidium, Vanda e Dendrobium. As mais interessantes pinturas estão colocadas juntas no "Manual of Painting of Mustard Seeds Garden", by Wang-Na-Chien e seus três irmãos.
Uma jarra de pedra, datada da Dinastia de Yi Korean (1650)é decorada com orquídeas. Estas pinturas têm toques surpreendentes da pintura abstrata.
Desde o século 18, quando a mania da orquídea tomou conta da Europa, muitos pintores se tornaram interessados em pintar estas flores e a partir daí muitos livros, boletins, revistas ilustradas foram publicadas.
Em 1854, Jean-Jules Linden teve publicado seu livro "Pescatorea" (Iconografia de Orquídeas) com 48 ilustrações de orquídeas tropicais. Entre 1885 e 1905, a família de Linden publicou uma revista mensal ilustrada, um verdadeiro monumento para o mundo orquídofilo: Lindenia.
J. Barbosa Rodrigues (botânico brasileiro e diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pintou mais de 1.000 aquarelas com as orquídeas brasileiras como tema e que permaneceram sem ser publicadas praticamente durante um século.
In 1882/1884, Martin Johson Heade pintou um estudo sobre um beija-flor e duas orquídeas.
Em 1882, Aubert du Petit-Thours, entre os diversos trabalhos que ele fez, teve sua ilustração de Angreacum sesquipedale publicada no trabalho de Darwin.
Em 1936-1937, no Brasil, Guignard pintou uma óleo sobre tela, "Sem Título", uma jarra cheia de orquídeas. Em l938, ele pintou "Paisagem", outro óleo sobre tela onde as orquídeas são destacadas como se fossem a moldura do quadro.
Georgia O'Keefe, uma pintora americana, também produziu uma bela série sobre orquídeas.
Margareth Mee, bióloga inglesa, dedicou a maior parte de sua vida pesquisando e desenhando orquídeas brasileiras.
Atualmente, no Brasil, temos muitos pintores e ilustradores botânicos como Sylvia Amélia, Dulce Nascimento, Cristina Miranda, Paulo Ormindo e Álvaro Pessanha e Maria Werneck de Castro, aquarelista brasileira, que dedicou-se principalmente a reproduzir plantas ameaçadas de extinção. Reproduziu orquídeas do Planalto Central, colaborando com Guido Pabst. entre outros, como pode ser visto em nossa Galeria de Arte
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